Manaus | 1º de Fevereiro de 2020 (Sábado)
O San Francisco 49ers fará história da NFL mesmo antes de tocar na bola neste domingo (2), em busca de seu sexto título do Super Bowl.
Pela primeira vez, uma mulher chegará à decisão da liga de futebol americano como assistente-técnica de uma equipe. Mais: será também a primeira vez que um treinador abertamente gay estará em ação no jogo mais importante da modalidade.
Katie Sowers, 33, contratada em 2017, trabalha no desenvolvimento do setor ofensivo da equipe.
“Ser a primeira mulher no Super Bowl é surreal. Mas apesar de eu ser a primeira, o mais importante é que eu não serei a última e que continuaremos a crescer”, afirmou ela em entrevista coletiva em Miami, na Flórida, palco do duelo contra o Kansas City Chiefs.
Sowers é o exemplo mais bem-sucedido de um movimento ainda tímido, mas crescente: a chegada de mulheres às comissões técnicas das quatro mais importantes ligas dos EUA (futebol americano, beisebol, basquete e hóquei).
Nesta temporada, oito quebraram essa barreira, apenas quatro delas com postos de tempo integral.
A pioneira na NFL foi Jennifer Welter, em 2015. A ex-jogadora, no entanto, trabalhou apenas na pré-temporada do Arizona Cardinals. Em 2016-2017, Kathryn Smith se tornou a primeira assistente em tempo integral da liga ao assinar com o Buffalo Bills.
Na atual temporada, o investimento mais emblemático foi feito pelo Tampa Bay Buccaneers, que teve Maral Javadifar como assistente-técnica de força e condicionamento e Lori Locust auxiliando a linha defensiva.
“Sei da importância de ser uma mulher ocupando essa posição, mas tento cuidar de um dia de cada vez. Aqui, nunca fui vista como algo além de mais um técnico buscando fazer o melhor para a equipe”, afirmou Locust.
As duas foram indicadas pelo head coach (técnico principal) Bruce Arians, o mesmo que levou Jennifer Welter aos Cardinals.
“Ficarei feliz quando isso [mulheres nas comissões técnicas] não for mais notícia. Elas são super qualificadas. Não dou a mínima para o fato de serem de gênero diferente. Uma mulher pode ser técnica? Claro que sim, é só dar oportunidade a elas”, disse Arians.
A mulher que fará história na 54ª edição do Super Bowl nasceu em Hesston, no Kansas, cidade com menos de 4.000 habitantes.
Cresceu jogando futebol americano com a irmã gêmea, Liz, e os meninos da vizinhança. Na universidade, praticou futebol, basquete e atletismo. Nessa época, contou aos pais que era lésbica.
Quando se formou, em 2009, foi recusada como assistente-técnica voluntária do time feminino de basquete da faculdade por ser homossexual -a Goshen College adotou uma política de não-discriminação apenas em 2015.
Sowers, então, voltou-se totalmente para seu esporte preferido, jogando pela Women’s Football Alliance -liga feminina de futebol americano.
Em 2014, quando a NBA apresentou a assistente Becky Hammon no San Antonio Spurs, Sowers compartilhou a notícia no Twitter e escreveu, ao lado de uma foto sua: “A caminho da NFL”.
O sonho se concretizou pelas mãos de Scott Pioli, ex-gerente geral do Kansas City Chiefs, que conheceu Sowers quando ela treinava o time de basquete juvenil de sua filha.
Pioli foi para o Atlanta Falcons em 2016 e a levou para trabalhar na pós-temporada da equipe. Em 2017, ela se mudava para São Francisco. No domingo, fará história.
NBA É REFERÊNCIA
Dentre as quatro principais ligas profissionais dos EUA, a NBA é a que apresenta mais espaço para as mulheres nas comissões técnicas. Nesta temporada, há 11 nos estafes dos times. Embora a barreira tenha sido quebrada em 2001-2002, o movimento só se tornou maior nos últimos sete anos.
A pioneira foi Lisa Boyer, no Cleveland Cavaliers, mas seu salário era pago pelo time da WNBA Cleveland Rockers e ela não viajava com o time nem sentava no banco. O cenário mudou em 2014, quando o San Antonio Spurs anunciou a contratação de Becky Hammon para atuar ao lado de Gregg Popovich.
A NHL (hóquei sobre o gelo) permitiu a chegada de uma mulher ao posto de assistente-técnica apenas em 2016-2017 -Dawn Braid se tornou técnica de patinação do Arizona Coyotes.
O beisebol precisou de ainda mais tempo. Apenas neste ano haverá uma mulher em ação por tempo integral na MLB. Alyssa Nakken, ex-jogadora de softbol, estará no banco do San Francisco Giants.
Foto: Jose Carlos Fajardo/Getty Images.
Fonte: FOLHAPRESS.