Manaus | 30 de maio, 2020 | Sábado
Principal entidade representativa dos judeus nos EUA e uma das mais influentes do mundo, o American Jewish Committee (Comitê Judeu Americano) parece ter enfim perdido a paciência com as constantes referências do governo Bolsonaro ao nazismo.
A gota d’água foi o tuíte do ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparando a ação da Polícia Federal contra fake news, na quarta-feira (27), à Noite dos Cristais, um ataque a lojas e estabelecimentos ligados à comunidade judaica na Alemanha, em 1938.
https://twitter.com/AbrahamWeint/status/1265684874641518592
O evento é considerado um marco na escalada nazista que levaria ao Holocausto.
“Hoje foi o dia da infâmia, vergonha nacional, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira”, escreveu Weintraub no post, com uma foto do evento de 82 anos atrás.
A ação da PF é parte do inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal para apurar a veiculação de notícias falsas e mirou diversos apoiadores de Bolsonaro.
No mesmo dia da operação, o AJC, criado em 1906, manifestou-se. Não se restringiu à mensagem de Weintraub, mas às sucessivas referências de autoridades do governo ao regime nazista e ao massacre de judeus.
“O repetido uso de menções ao Holocausto como arma política por autoridades do governo brasileiro é profundamente ofensivo para judeus de todo o mundo e um insulto para as vítimas e sobreviventes do terror nazista.
Isso precisa parar imediatamente”, declarou a entidade.
Veja alguns tweets do ministro Weintraub:
Primeiro, nos trancaram em casa. Depois, brasileiros honestos buscando trabalho foram algemados. Ontem, 29 famílias tiveram seus lares violados! Sob a mira de armas, pais viram suas crianças e mulheres assustadas terem computadores e celulares apreendidos! Qual o próximo passo? pic.twitter.com/yaXwc8XeTX
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) May 28, 2020
Não falem em nome de todos os cristãos ou judeus do mundo. FALO POR MIM! Tive avós católicos e avós sobreviventes dos campos de concentração nazistas (foto). Todos eram brasileiros. TENHO DIREITO DE FALAR DO HOLOCAUSTO! Não preciso de mais gente atentando contra MINHA LIBERDADE! pic.twitter.com/mMBEKY2RBq
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) May 28, 2020
Primeiro prenderam quem defendia a LIBERDADE. Depois, a grande mídia nazista, dos poderosos, afirmava: "o Holocausto não existe".
Lutar pela LIBERDADE de expressão? De opinião, de pensamento, de informação? "Bobagem, peguem a senha e aguardem na fila".#LibertemJurandirEBronze pic.twitter.com/7FZ0UB9qee— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) May 29, 2020