O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou o encontro que teve com o americano Joe Biden, na noite desta quinta (9), em Los Angeles de excepcional.
Foi a primeira vez em que os dois se encontraram desde que o americano chegou ao poder, há quase um ano e meio. “Foi muito melhor do que eu esperava”, afirmou, ao voltar para o hotel em que está hospedado.
O presidente disse que houve uma parte confidencial do encontro, cujo conteúdo ele chamou de “segredo de Estado”. “O que eu falei, e eu falei bem mais que ele, ele concordou. Se conseguirmos ampliar este eixo norte-sul, será bom para todo mundo”, completou.
Até o fim da tarde desta quinta pelo horário local (Brasília está quatro horas à frente no fuso em relação a Los Angeles), o governo americano não tinha comentado oficialmente sobre a reunião.
De acordo com um integrante da comitiva brasileira, que falou de modo reservado, os principais temas debatidos pelos líderes foram clima, democracia e meio ambiente.
Ao final, Bolsonaro ainda teria puxado a cadeira mais para perto de Biden e tido uma fala privada com ele, sem os auxiliares.
O encontro todo durou cerca de 50 minutos. Parte da imprensa, incluindo a reportagem, teve acesso à sala onde ocorreu o encontro nos minutos iniciais.
Os dois presidentes deram declarações rápidas, sem responder a perguntas. Sentados a cerca de dois metros de distância, eles se olharam pouco.
Bolsonaro repetiu o discurso de defesa da soberania da Amazônia, criticou a política do “fique em casa” para o combate à pandemia e disse que pretende terminar seu governo de modo democrático.
Ele pediu por eleições limpas, confiáveis e auditáveis. “Para que não sobre nenhuma dúvida depois sobre o pleito. Tenho certeza que ele será realizado nesse espírito democrático. Cheguei [ao poder] pela democracia e tenho certeza de que quando deixar o governo também será de forma democrática”, afirmou.
Em suas palavras iniciais, Biden fez elogios ao Brasil ao falar em “interesses comuns”. Disse que o país tem uma democracia vibrante, com instituições eleitorais robustas, e que tem feito um bom trabalho para proteger a Amazônia.
“Vocês têm feito grandes sacrifícios reais na forma como tentam proteger a Amazônia, o grande sumidouro de carbono do mundo. Acho que o resto do mundo deveria participar ajudando vocês a financiar isso, para que sejam capazes de preservar o máximo que puderem. Todos nós nos beneficiamos disso”, disse.
Bolsonaro já criticou líderes que fizeram falas semelhantes, trazendo à tona o conceito de soberania sobre o território. Ao americano, repisou o termo. “A nossa Amazônia tem riquezas incalculáveis. Por vezes, nos sentimos ameaçados em nossa soberania naquela área, mas o Brasil preserva muito bem seu território.”
O brasileiro chamou Biden de “prezado companheiro” ao concluir sua fala. “Em alguns momentos nos afastamos por questões ideológicas, mas, com nossa chegada ao governo, nunca tivemos afinidades tão grandes”, ressaltou, repetindo posição que foi frequente durante o mandato de Donald Trump.
Desde que Biden chegou ao poder, há quase um ano e meio, a relação foi distante. Houve trocas de farpas e críticas diretas por parte do brasileiro, mas nem sequer um telefonema.
Por Rafael Balago/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade